segunda-feira, 11 de junho de 2012

FILHO


Antes da poesia me vejo obrigado a fazer um comentário, essa poesia “Filho” foia primeira poesia que escrevi. Tinha apenas 17 anos quando o fiz e tentei refletir nessas linhas que seguem, um pouco do sentimento de dúvida, indignação e revolta que sentia por viver no mundo em que vivia.
De certo modo vai aí refletido um pouco da inocência daquele garoto sonhador, inocência que em medida benefíciosa tentei conservar, vai refletido aí parte da minha vida.
Aí estão as primeiras linhas que escrevi com um objetivo de denuncia e rebeldia, a primeira poesia onde pude perceber que minhas letras poderiam ser usadas como uma arma, onde aprendi o quase carnal prazer de escrever. Bogo diz que “Nascer é um acontecimento entre dois caminhos...” de certo modo aí foi onde nasci nesse largo caminho dos que buscam um mundo melhor.

Texto publicado no dia 18/11/2007 e revisado dia 11/06/2012


Filho.
Filhos! O que fizeram conosco!?
Será este o final? Será que assim termina a estrada?
Deus! Onde está você? Onde foi você? Quem é você?

Tão sombria e cruel a vida que os deu você senhor?
Se teus olhos não estão fechados para que não veja, por que então viras tu o rosto?
Se seus ouvidos não estão bloqueados para que não ouça, por que então ignora o choro, o soluço e os gritos e gritos do povo teu?
Os seus braços não estão atados para que possa ajudar, mas onde estas tu ó senhor dos exércitos?

Até quando a covardia trancara os povos nesta prisão sem grades?
Até quando filhos! Estaremos inertes sendo mortos nas esquinas e nos guetos?
Passando fome, vendo o sagrado fruto da terra indo aos vermes e nunca a nós?
Ouvindo mentiras cruelmente contadas? Contadas para que não possamos nunca conhecer a verdade.

Este futuro desgraçado a nós reservado, reservado a nós filhos do trabalho!
Sem Educação, sem saúde, sem emprego, será assim o destino?
NÃO! NÃO! NÃO!
Não filhos, não podemos desistir.

Eles nos dizem que somos baratas, MAS É MENTIRA!
Nos forçam a morar em lugares que são como as sombras do inferno, onde dividimos o lugar com os ratos, onde há maus que não se curam!

E ai de tu filho se não quiserdes, tomam-lhe a vida e chamam-lhe de baderneiro, de assassino, de subversivo.
E se a revolta for grande, o castigo vem com as forças do inferno do norte, com seus fantoches imperiais, tiram-lhe o direito que eles mesmos dizem querer levar, matam sua liberdade.

NÃO!
Filhos dizem que temos muito a aprender, dizem que nosso momento chegará, mas não vai chegar!
Se quiser filho uma mão que te tire das sombras do mundo, olhe para sua própria mão, e lembre-se que nela e só nela você pode encontrar a ajuda para suas doenças, sua fome, sua agonia!

Sim filhos, não esperem um cavalo branco dos céus, porque este não vem!
A vitória tem outra cor, tem a cor vermelha do sangue sacrificado no passado, sacrifícios que não serão em vão, pois os verdadeiros filhos da liberdade ainda vivem, mesmo sufocados e escondidos, AINDA VIVEM! AINDA HÁ UMA ESPERANÇA!

Dizem que não podemos vencer, ficaremos felizes em morrer lutando.

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