domingo, 12 de agosto de 2012

A LUTA COM TEMPERO DE MÃE


Poesia escrita por Joelson Santos, Militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, MST, grande camarada e amigo.
 

Querida já chegará: Tua vida a minha.
Teu pensamento me protege
Olhos sérios, sorriso convidativo
Amor de flor, felicidade do ver
Sem você, falta; porque eres o que não se substitui.
No calor dos teus seios sentir a essência humana, o alimento sagrado que me destes.
Cresci.
Saibas que mesmo distante sigo firme e forte com as forças que me destes nos primeiros momentos que vi o mundo, menino frágil.
Me destes fortaleza.
Agora solto, grande e pequeno sinto vontade de deitar no teu colo
O sabor da tua comida que vem na língua todos os dias
Saudade de acordar com o cheiro do teu café
Da tua fertilidade, como a terra pura, me presenteou irmãos que carregam os teus traços,
Minha amiga, mulher lutadora;
Mãe perdoe se estou fazendo mal é que com meus camaradas queremos um mundo melhor.



Prometo que não te decepcionarei, lutarei até o fim de minha vida se preciso, para ver um amanhecer humanizado e igual para todos.
Assim como tu, outras mães alimentaram e alimentarão filhos como nós, tornando nossa luta cada vez mais forte e gloriosa.
Mães seus seios de fortaleza nos fazem, mais fortes e amáveis.

jOeLsOn SaNtOs
14 de fevereiro de 2010

 


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Em algum lugar possivelmente não muito longe.



Aos que pensam em desistir...


Em algum lugar possivelmente não muito longe, ainda tem um menino de 13 anos com um fuzil AK na mão e ele ainda vai morrer essa noite, ele não é mais que um garoto que podia ser qualquer coisa. Nesse mesmo país ainda tem alguém que vai ser violentado física e psicologicamente, um pai de família ainda vai morrer assassinado, ainda tem gente trabalhando como escravos e ainda tem 30 milhões de pessoas que não comeram antes de dormir, ainda morre uma criança a cada 5 minutos e os homens mais indignos desse pais ainda estão sentados nas cadeiras do poder, ainda andam de terno e ainda são chamados de senhor. Nesse exato momento os mesmos homens que foram capazes de instaurar um regime que matava e calava a juventude, que usurparam o poder e atiraram o país numa noite escura de longos 21 anos continuam no controle das mesmas instituições que estavam até então, seus torturadores ainda andam livres e nunca se reviu crime nenhum desses monstros, ainda hoje seguem desaparecidos nossos heróis e só o silêncio fala a seus familiares o silencio a vergonha e o medo. Nosso povo continua pagando a Inglaterra as dívidas contraídas por Don Pedro II ao “independizar” o pais, ainda hoje mandam mais as multinacionais na vida econômica que as necessidades de nosso povo, ainda hoje padecemos da influência norte-americana que nos permite ser uma democracia, mas só se for do jeitinho que eles querem. Ainda hoje, nesse mesmo momento ainda existem legiões de pessoas que não tem um teto para dormir em quanto os abastados desse país se divertem em brincar de quem tem a maior mansão, Ainda hoje tem gente passando fome sem ter terra pra plantar num país onde tudo que se planta dá e que tem terras até aonde a vista pode alcançar pena que todas essas terras estão nas mãos de uns poucos latifundiários. Hoje exatamente agora nossas cidades estão cheias, não só de gente mais também de morte e desalento, de desesperança e solidão. Policiadas e vigiadas por policias que levam caveiras, facas e metralhadores nos símbolos. Hoje exatamente agora vivemos em uma terra que é governada pelo interesse e vivemos tempos em que nossa existência, nossa qualidade de vida e nossas crenças são definidas pelos lucros dos megaempresários e a qualquer brisa que sopre sobre eles, em nome de seus lucros, eles não hesitariam em criar furações em nossas vidas. Mas sabe o que é pior? O pior é que apesar disso, apesar deles ainda poderem fazer o que quiserem de você, ainda poderem te ver como um número, como um consumidor não como um ser humano. Ou poderem sumir com você se você for um obstáculo, apesar deles jogarem com sua vida, com sua mente e com seus desejos você ainda é capaz de dentro dessas quatro paredes ir deixando aquele jovem sonhador morrer, ir enganando-se de que tudo isso não tem nada haver com você e espantosamente sentir-se seguro para seguir aí sem fazer absolutamente nada.

Michel M. Damasceno
Cuba, 04/08/2012